Introdução
Abordo a grande corrente e movimento artístico que chamamos “Renascimento”, o qual nasceu em Itália, em Florença, se propagou pela Europa, segundo e segundo vários autores, entre os finais do Séc. XIV e o Séc. XVI. Nas primeiras décadas do Séc. XV este movimento artístico e cultural influenciou artes como a escultura, arquitetura, música e pintura, e é sobre esta última que vamos detalhar mais alguns aspetos como os principais artistas, as influências gregas e romanas na sua representação, e a procura do conhecimento científico e intelectual destas duas últimas grandes civilizações.
Por toda a Península Itálica abundam exemplos deste marcado movimento artístico, como os frescos de Miguel Ângelo na capela Cistina no Vaticano.
Muitas obras e muitos artistas estiveram na origem deste legado, que ainda hoje nos surpreende pela ligação científica e humanista, pela forma realista da pintura, com relevo, na representação de cenas e autorretratos. As imagens de um realismo extremo, em relevo explorando as três dimensões (a profundidade), criando o efeito de “olhar de Mona Lisa" (Notícias, 2019)", olhar que nos persegue na sua visualização.
Pintores como por exemplo, Piero dela Francesca, Botticelli, Mantegna, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sânzio, Antononello da Messina, isto para citar só alguns. Qualquer um deles bastaria para se falar de um período e de uma nação. Mas, todos eles viveram em Itália e na mesma época ou quase.
Enquadramento histórico
Conforme descrito no site Wikipedia (WikiPedia, 2020), o Renascimento foi um movimento cultural, económico e político que manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península Itálica e depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento da imprensa e pela circulação de artistas e obras do século XIV e se estendeu até o século XVII por toda a Europa.
Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica e gerado pelas condições económicas, o Renascimento reformulou a vida na idade Média, e deu início à idade Moderna.
O Comercio com o Oriente e as rotas comerciais beneficiaram várias cidades como Veneza, Gênova, Florença, Roma. Estas regiões enriqueceram com o desenvolvimento do comércio no Mar Mediterrâneo dando origem a burguesia mercantil.
Com o objetivo de se evidenciarem e afirmarem socialmente, estes comerciantes e até mesmo a Igreja patrocinavam artistas e escritores, que inauguraram uma nova forma de fazer arte.
Século XV e XVI
No Renascimento, identificam-se 4 fases conforme se pode constatar na Wikipedia (WikiPedia, 2020):
> Trecento (Século XIV), uma fase inicial com o surgimento do fenómeno artístico, na pintura com de Giotto;
>Quattrocento (Século XV), fase do pleno do renascimento, grandes nomes da pintura como Leonardo da Vinci; Botticelli;
> Cinquecento (século XVI), fase de expansão para a restante europa, destacando-se Miguel Ângelo e posteriormente quando Itália deixou de ser o centro da europa e se iniciaram movimentos relacionados protestantismo abalando a igreja católica quando surgiu Rafael Sânzio ou Nicolau Maquiavel.
Na fase “Quattrocento” foi quando o movimento ganhou força, atingiu a literatura, arquitetura e artes plásticas, e começou a espalhar-se por outros países da Europa.
Os mecenas [1]começaram a incentivar e financiar os artistas em troca da construção de projetos arquitetónicos e pintura de quadros.
Nessa fase foi possível perceber de forma mais forte a retomada dos aspetos da cultura greco-romana, da mitologia e paganismo, além da busca da perfeição estática.
O período “Cinquecento” foi a última das fases do Renascimento e “foi marcado pela continuidade a expansão do movimento pela Europa, principalmente em Portugal, Alemanha e França. Os artistas se distanciavam das questões religiosas e buscaram misturar o sagrado com o profano.
O Renascentismo
Foi um movimento artístico e filosófico intelectual que despontou na Itália essencialmente no século XV como atrás referido.
Representou uma das mais importantes mudanças de mentalidade na história da humanidade, pois foram trabalhadas diversas áreas do conhecimento como filosofia, política, economia, cultura, artes, ciência, dentre outras.
Consultando as suas principais características, encontra-se por exemplo (Bezerra, 2020), a identificação do humanismo, racionalismo, individualismo, antropocentrismo, cientificismo, universalismo e a arte da Antiguidade Clássica, como influências desta época.
Principais Características
Humanismo:
O movimento humanista, como já falámos, surge como a valorização do ser humano e da natureza humana, onde o antropocentrismo (homem no centro do mundo) sua principal característica.
Racionalismo:
Ao defender a razão humana, essa corrente filosófica foi importante para desenvolver o pensamento renascentista baseado na ciência e na experimentação em detrimento da fé medieval baseada em crenças.
Esta corrente afirmava qualquer fenômenos humanos ou natural deveria ser comprovado pela explicação científica para os acontecimentos e mediante de experiências racionais que assim comprovassem os factos.
Individualismo:
Neste caso, o homem é colocado em posição central responsável e capaz de realizar tudo desde que tenha talento e capacidade de ação e assim torna-se um ser crítico e responsável por suas ações no mundo.
Antropocentrismo:
Alterando do um pensamento teocêntrico medieval, onde Deus estava no centro do mundo, o antropocentrismo (homem como centro do mundo) surge para valorizar diversos aspetos do ser humano.
Reforçado pelo individualismo, o homem passa a ter uma posição central e isso o impulsiona a ousar no aprendizado e em descobertas científicas ou de novas terras.
Exemplo antropocentrismo: O Homem Vitruviano, nome de um desenho conhecido mundialmente feito por Leonardo da Vinci (1452 - 1519), representa o ideal clássico do equilíbrio, da beleza, da harmonia e da perfeição das proporções do corpo humano.
A Pintura Renascentista
A Pintura Renascentista caracteriza-se por ser inicialmente inspirada no Humanismo. Na forma como Homem passa a ser o centro da criação.
O Humanismo como atrás referido e citando o site (InfoEscola, 2020) ou pré-renascimento é a denominação de um movimento intelectual que se iniciou na Itália, tendo como principal característica a valorização do homem, por meio de um retorno à antiguidade greco-romana, posicionando-se entre a cultura moderna e a antiga. O período é de transição entre a visão medieval e a visão renascentista, entre o teocentrismo e antropocentrismo.
As principais características da pintura são e conforme se constata em várias fontes (IMBROISI & MARTINS, 2020) são:
§ Perspetiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria;
§ Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos;
§ Realismo: o artista do Renascimento não vê mais o homem como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada;
§ Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo;
§ Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase que exclusivamente como detalhes de obras arquitetónicas, tornam-se manifestações independentes;
Surgimento de artistas com estilo pessoal que ganham mais visibilidade por causa da valorização individualista diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade e, consequentemente, pelo individualismo.
Principais artistas:
Giotto
Giotto (1266-1337) foi um pintor italiano, considerado o primeiro expoente da Pintura Renascentista, o pai do renascentismo. Conhecido pela sua coloração nas pinturas, profundidade e realismo. abandonando o clássico dourado, deixou marcas em muitas cidades italianas, nas igrejas com pintura de frescos como a que vemos abaixo.
Em 1304, vai para Pádua, para executar a encomenda da decoração da Cappella degli Scrovegni também conhecida como Capela Arena. Atrás do altar desta igreja, Giotto pintou o Juízo Final e nas paredes laterais, pintou 38 frescos com cenas do Evangelho e da vida da Virgem destacando – “Lamento ante Cristo Morto”
Leonardo da Vinci
Um dos expoentes da fase “quatrocento” Leonardo da Vinci (1452-1519): foi pintor, escritor, arquiteto, músico cientista. Utilizava-se da perspetiva e espelhamento em seus quadros e desenhou diversos modelos de equipamentos militares. Nasceu na pequena aldeia de Vinci, perto de Florença, Itália, no dia 15 de abril de 1452 ainda menino, já desenhava e pintava. É considerado um artista completo.
Entre as dezenas de pinturas famosas destacam-se a “Monalisa” 1503 e 1506 , a “última ceia” 1494 e 1497.
Esta é uma pintura com interpretações diversas e com a maior representatividade do autor e do Renascimento conforme pode ser constatado em no site Cultura Genial (Fuks, 2020) “Um dos aspetos que chama mais a atenção na pintura é o equilíbrio entre o humano e o natural, expresso, por exemplo, pela forma como a ondulação dos cabelos da mulher parece ecoar nas águas do rio atrás dela. A harmonia entre os elementos parece ser simbolizada pelo sorriso de Mona Lisa.”
Botticelli
Sandro Botticelli (1445-1510) destacava os elementos da natureza, a religiosidade e simbolismo nas suas peças. Suas principais obras são: "Primavera", "Nascimento de Vênus" e "A tentação de Cristo";
Conforme (Martins, 2020), Nascimento de Vênus, este famoso quadro de Botticelli, foi revolucionário na sua época por ser a primeira pintura renascentista com tema exclusivamente leigo e mitológico, mais uma das características do renascentismo, indo à antiguidade clássica grega e romana para se inspirarem nas realizações.
Michelangelo (1475-1564) foi um pintor, escultor e arquiteto italiano. É considerado um dos maiores representantes do Renascimento Italiano. "Pietá", "O Juízo Final” (Fig.1), "Moisés", "Davi" e "A Abóbada da Capela Sistina" são algumas das obras que eternizaram o artista.
Citando a sua biografia (Frazão, 2020) “Em 1508, o Papa Júlio II encarregou o artista de pintar a "Abóbada da Capela Sistina", na Catedral de São Pedro, no Vaticano. O artista protestou: “Não sou pintor e sim escultor". Mesmo assim, durante quatro anos realizou o exaustivo trabalho que foi entregue ao público no Dia de Todos os Santos em 1512. Entre os afrescos estão: “Profeta Isaias”, “Profeta Ezequiel”, “Profeta Jonas” “Profeta Daniel, “Criação de Adão”, “Pecado Original e a Expulsão do Paraíso” e Dilúvio Universal”.”
A Marca deixada na Capela Sistina é ainda hoje referência do artista, com todo o relevo das pinturas que nos perseguem com os Olhares.
Frazão, D. (01 de 12 de 2020). michelangelo. Obtido de eBiografia: https://www.ebiografia.com/michelangelo/
Fuks, R. (30 de 11 de 2020). Cultura Genial. Obtido de Cultura Genial: https://www.culturagenial.com/quadro-mona-lisa
IMBROISI, M., & MARTINS, S. (29 de 11 de 2020). História das Artes. Obtido de História das Artes: http://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-renascentista/renascimento/
InfoEscola. (2020). Humanismo. Obtido de www.infoescola.pt: https://www.infoescola.com/filosofia/humanismo/
Martins, S. (01 de 12 de 2020). o-nascimento-de-venus-sandro-botticelli. Obtido de História das Artes: https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/o-nascimento-de-venus-sandro-botticelli/
Notícias, D. (2019). Olhar de Mona Lisa? Não existe no quadro que lhe deu nome. Diário de Notícias. Obtido de https://www.dn.pt/cultura/olhar-de-mona-lisa-existe-mas-nao-no-quadro-que-lhe-deu-nome-10419838.html
WikiPedia. (2020). Obtido de https://pt.wikipedia.org/wiki/Renascimento